sábado, 23 de janeiro de 2016

Escrita Criativa

Margarida Fonseca Santos é uma escritora portuguesa com uma vasta obra literária dedicada a um público juvenil e adulto.
Criou um blog de escrita criativa, muito interessante, o blog das 77 palavras, inicialmente apenas em língua portuguesa, atualmente, é bilingue. Os desafios de escrita de histórias com 77 palavras, são em português e em espanhol, com o apoio da USAL, Universidade de Salamanca.
No clube de cultura portuguesa, já começaram a surgir os primeiros textos.



Quem somos?   histórias em 77 palavras



           Prestancia 

Después de un tiempo nadie recordaba el canto del pájaro visto por última vez cruzando una nube borrascosa. Tronó. Jamás oyeron tal espanto en el valle. La copa de vino blanco tembló sobre la mesa. La aguja saltó sobre el vinilo y la canción pretendió un silencio al vuelo que no fue tenido en cuenta por los amantes, abrazados ante la baranda donde durmieron bajo plumones que creyeron copos cálidos acogidos a una insonoridad ya duradera.
José Ignacio Martínez Gutiérrez. 56 años. Valencia de Alcántara (Cáceres) ESPAÑA. Club de cultura portuguesa.

               
Sublime

Depois de algum tempo já ninguém recordava o canto do pássaro visto pela última vez cruzando uma nuvem carregada. Trovejou. Jamais se ouviu  tamanha admiração no vale. O copo de vinho branco tombou sobre a mesa. A agulha saltou sobre o vinil e a canção impôs um silêncio no voo que não foi tido em conta pelos amantes, abraçados debaixo do parapeito onde dormiram sob um macio edredom de penas, quais fogosos flocos abrigados num silêncio infindável.

Traduzido por  Joana Marmelo


Uf

Pío apresa el remo y ata la cuerda a la proaPresagia el naufragio. Reta al río turbulento. Gira. Casi vuelca al tratarde evitar la presa de castores ante la cascada. La embarcación encalla. Se desinfla. Agota sus destrezas. Descarta orar. Teme convertirse en un trapo roto cayendo al vacío. Aprieta los dientes. Osa al destino. Maldice haberse dormido aguas atrás. Grita… Sergio, que acampa en la orilla, reacciona. Una sogaal aire evita el precipicio.

José Ignacio Martínez Gutiérrez. 56 años. Valencia de Alcántara (Cáceres) ESPAÑA. Club de cultura portuguesa.
Patata + presagio
Desafio nº 101 - partindo das palavras BATATA e PRESSINTO

(neste caso, PATATA e PRESAGIO


sábado, 19 de dezembro de 2015

É NATAL


POEMA DE NATAL  

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes










segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

FADO - Mariza

Outra grande voz do fado, Mariza., nasceu em 1973, em Moçambique, um país de língua oficial portuguesa. Tem uma  carreira reconhecida tanto no plano nacional como internacional. Segundo as suas palavras, é uma " cantadeira de fados"

CHUVA

FADO - ANA MOURA

Ana Moura é uma fadista portuguesa, nascida em 1979, em Coruche, no distrito  Santarém. Reconhecida internacionalmente, é uma voz raríssima de contralto, Tem já uma considerável obra discográfica, destacando-se álbuns como


O seu último disco, É Dia de Folga, está a ser mais um grande sucesso.

FILME PORTUGUÊS

Esta semana vimos o filme português 


Os Gatos Não Têm Vertigens

Título original:

Os Gatos Não Têm Vertigens

De:
António-Pedro Vasconcelos
Com:
José Afonso PimentelNicolau BreynerJoaquim LeitãoRicardo CarriçoMaria do Céu Guerra
Género:
Comédia Dramática
Outros dados:
POR, 2014, Cores, 124 min.
Apesar dos seus 18 anos, Jó (João Jesus) é já um rapaz desencantado com a vida. Proveniente de uma família disfuncional, criado com pouco afecto e compreensão, acabou por se deixar influenciar pelas piores companhias do bairro. Rosa (Maria do Céu Guerra), com 73 anos, é uma mulher frágil e bondosa que se debate com a incapacidade de lidar com o recente falecimento de Joaquim (Nicolau Breyner), com quem partilhou quase toda a existência. Quando, depois de uma discussão particularmente violenta, Jó é expulso de casa pelo pai, refugia-se no terraço de Rosa, onde decide passar a noite. Na manhã seguinte, a velha senhora descobre o rapaz e decide acolhê-lo em sua casa. Entre os dois nasce uma enorme cumplicidade que, apesar de incompreendida por todos, se torna a cada dia mais forte e verdadeira…
Com realização de António-Pedro Vasconcelos ("Jaime"), uma história incomum sobre o amor e a amizade entre dois seres que, contra todas as probabilidades, se completam nas suas diferenças.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

ATIVIDADES OUTONO - Lenços bordados

No Clube de Cultura Portuguesa foi tratado o tema Outono, com leitura de lengalengas, contos populares, travalínguas , adivinhas e receitas culinárias à base de castanhas, fruto típico da época.
Ficou um registo pictórico das atividades desenvolvidas, o grupo presente neste Clube, desenhou alguns lenços de outono, à semelhança do que acontece com o lenço dos namorados, tão característicos da cultura portuguesa.
Estes lenços foram entregues pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Valencia de Alcántara ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Marvão, num ato simbólico de união entre as duas localidade irmãs, e estiveram expostos na Feira da Castanha de Marvão, edição de 2015.
As fotos ilustram o momento da entrega.











segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Lenda da Sopa da Pedra

Em Portugal há muitos contos e lendas. A lenda da sopa de pedra é muito curiosa. É, aliás, a curiosidade,a característica que está subjacente a esta lenda. Ora, vamos ler.

A LENDA DA SOPA DA PEDRA

Tal como quase todos os costumes, tradições e também gastronomia regional, a Sopa da Pedra tem uma lenda associada...

Um frade andava no peditórioChegou à porta de um lavradornão lhe quiseram  dar esmola. O frade estava a cair com fome, edisse:

Vou ver se faço um caldinho de pedra!
pegou numa pedra do chãosacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para elapara ver se era boa para fazer um caldo. A gente dacasa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança.
Perguntou o frade :
Então nunca comeram caldo de pedra lhes digo que é uma coisa boa.
Responderam-lhe :
Sempre queremos ver isso!
Foi o que o frade quis ouvirDepois de ter lavado a pedrapediu :
- Se me emprestassem  um pucarinho.
Deram-lhe uma panela de barroEle encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha  ao  das brasas.
DeixaramAssim que a panela começou a chiartornou ele :
- Com um bocadinho de unto, é que o caldo ficava um primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveuferveu, e a gente da casa pasmada pelo que via. Dizia o fradeprovando o caldo :
Está um bocadinho insossoBem precisava de uma pedrinha de sal.
Também lhe deram o salTemperouprovou e afirmou :
- Agora é que, com uns olhinhos de couve o caldo ficava que até os anjos o comeriam!
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras.
O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela.
Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade :
- Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça.
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele botou-o à panela e, enquanto se cozia, tirou do alforje pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era uma regalo. Comeu e lambeu o beiço. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou:
- Ó senhor frade, então a pedra?
Respondeu o frade :
- A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.